sábado, 3 de março de 2012

Corino de Andrade


Ao Prof. Corino de Andrade
Perguntei: - «Quando morre um seu amigo,
que lembra dele nos primeiros dias?»
Fixou bem os meus olhos
E respondeu-me sem hesitação
numa palavra súbita: - «CONVIVO». Armando Pinheiro

Mário Corino da Costa Andrade, uma das figuras cimeiras da neurologia portuguesa do séc. XX faleceu dia 16 de Junho de 2005. O seu estro, as suas descobertas, a sua excelência de vida e obra mereceram divulgação a nível mundial. Considerado como um dos mais destacados neurologistas portugueses, foi o primeiro investigador a identificar e a tipificar cientificamente a paramilóidose (chamada Polineuropatia Amiloidótica Familiar) e um dos principais impulsionadores da criação do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS). O funeral do investigador teve lugar dia 18 de Junho 2005, saindo às 11h30 do ICBAS para o Cemitério do Prado do Repouso - Porto, onde foi cremado. Tinha completado 99 anos no dia 10 de Junho de 2005. Recordamos hoje, com eterna saudade, um grande cientista que, para além de ter centrado a sua actividade na área da neurologia, foi também um apreciador de cultura, arte e educação. Quem com ele conviveu sabe que a sua dimensão humana de espaço e valores sempre o acompanharam, assim como o seu espírito exigente e insaciável do conhecimento. Como um cidadão de reconhecida intervenção cívica não escapou à polícia política (PIDE) do Estado Novo, que lhe moveu perseguições, no início da década de 1950, pelas suas convicções democráticas. Corino de Andrade foi um homem de profundas reflexões, registou alguns pensamentos humanistas que nos ajudam a olhar a vida de uma forma interrogativa: «Sempre tive a preocupação de procurar sonhar mas, ao mesmo tempo, reduzir o sonho à sua exequibilidade», «A saúde pública é um capital da Nação, que esta tem o dever de vigiar e auxiliar com o mesmo carinho e zelo com que protege todas as suas outras riquezas. A saúde dos povos interessa às nações, pois sem os homens fortes de alma e corpo estas não podem suportar os esforços que a história lhes impõe», «Sempre me interessou o conhecimento e a colaboração com os outros. Conhecimento e solidariedade são os dois vectores máximos da minha vida» Corino de Andrade.
A sua actividade científica mereceu várias distinções no percurso da sua vida, entre as quais o Grau de Grande Oficial de Santiago de Espada (1979), a Grã-Cruz da Ordem de Mérito (1990), o Grande Prémio Fundação Oriente de Ciência e, em 2000, o Prémio Excelência de Uma Vida e Obra da Fundação Glaxo Wellcome. Homenageado e condecorado pela Presidência da República, Corino de Andrade, médico-cientista-neurologista, sempre foi um homem simples, com uma enorme grandeza - a sua alma. Considerado Personalidade da Ciência do Porto Capital da Cultura 2001, apresentou-se sempre como um homem convicto da sua missão. Em 2002, numa primeira edição promovida pela Fundação GlaxoSmithKline das Ciências de Saúde, foi apresentada a obra “Corino Andrade: Excelência de uma Vida e Obra”, de autoria da jornalista Maria Augusta Silva. Muitos foram os vultos da cultura e da ciência que com ele comungaram o saber e o conhecimento. Como um Homem de temperamento decidido e pertinaz ficará para a posteridade a tenacidade e o altruísmo do seu carácter. (pesquisa)

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